quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Possível "assinatura" do autismo detectada

O Distúrbio do Espectro do Autismo (ASD) é definido por uma limitada capacidade de interacção social e de comunicação, podendo destruir a capacidade do cérebro de interpretar os movimentos de outras pessoas (chamado “movimento biológico”). É uma desordem de fundo genético. 

Até o presente momento, os diagnósticos da desordem do Autismo baseiam-se exclusivamente em sintomas empíricos e interpretações subjectivas, não existindo qualquer possível "teste" rigoroso. Esse facto dificulta o tratamento de pacientes autistas e pode levar por vezes a classificações inexactas (durante, por exemplo, a atribuição de um "grau" específico de autismo). 
Contudo, estudos na área do autismo, publicados a dia 15 de Novembro na última edição do  periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (da Universidade de Yale), podem finalmente ter encontrado uma resposta para estas complicações. Através de imagens obtidas por Ressonância Magnética Funcional (fMRI), investigadores da universidade de Yale analisaram as actividades cerebrais de 62 jovens com idades de 4 a 17 anos, divididos em grupos de crianças autistas, irmãos de crianças autistas (de mesmos pais) e crianças com desenvolvimento normal. Aplicou-se a ressonância magnética enquanto os diferentes conjuntos observavam animações de movimentos biológicos diversos.

Como resultado, a equipa de pesquisa conseguiu identificar três diferentes “assinaturas neuronais”: regiões do cérebro com actividade reduzida compartilhadas por crianças com ASD e pelos seus irmãos não afectados pelo distúrbio; áreas cerebrais com actividade reduzida exclusivas de crianças com ASD; e regiões com actividade superior – compensatórias – exclusivas dos irmãos não afectados. Os investigadores concluíram que esta actividade cerebral aumentada pode reflectir o processo de desenvolvimento pelo qual essas crianças não afectadas superam uma predisposição genética (demonstrada pelo primeiro traço característico) para a desordem.

«Esse estudo pode vir a contribuir para um melhor entendimento quanto às bases neurológicas do ASD, e quanto as suas origens genéticas e moleculares», disse Martha Kaiser, constituinte da equipa de pesquisa.

  • http://dailybulletin.yale.edu/article.aspx?id=8019