quarta-feira, 8 de junho de 2011

Grupo de Neurociência apresenta o seu projecto




No passado dia 27 de Maio, sexta-feira, o Grupo de Neurociência da Escola Secundária Pedro Nunes realizou a apresentação final do seu projecto no âmbito do “Dia de Área de Projecto”. A apresentação foi realizada na presença de uma assistência superior a cem pessoas e teve lugar na ampla sala polivalente da escola às 12.30h.
Inicialmente, um dos membros do grupo começou por fazer a Introdução ao projecto, enquadrando-o nos objectivos pessoais e profissionais de todos os elementos da equipa e divulgando a planificação da apresentação final com a exemplificação de diversas situações da vida quotidiana passíveis de explicação neurocientífica.
Desse modo, o grupo iniciou então um discurso de cerca de meia hora, durante o qual cada um dos seus membros respondeu, no máximo, a duas questões relativas a situações quotidianas. Exemplos de perguntas às quais a equipa deu resposta foram “Por que gostamos de um determinado tipo de música?”, “Por que é tão difícil guardar um segredo?”, “Por que não sentimos o sabor da comida ao taparmos o nariz?”, “Por que sonhamos?”, “Por que sentimos o déjà-vu?”, “Por que é o bocejo contagioso?” e “Por que gostamos tanto de chocolate?”.
À apresentação da equipa de Neurociência seguiu-se o discurso do ilustre Professor Doutor Luís Bigotte de Almeida, autor da amplamente consultada obra Introdução à Neurociência e a quem o grupo já tinha realizado uma entrevista no mês de Março.
No final da apresentação, o professor prestou-se a esclarecer algumas das dúvidas colocadas pela assistência da sala polivalente, inerentes quer à vida profissional do professor, quer ao estado de investigação em Neurociência que está a ser desenvolvido em Portugal.
Com a finalidade de presentear o professor pelo seu discurso magnífico, a equipa de Neurociência agradeceu a sua presença com muita humildade oferecendo dois exemplares de um produto vinícola de reconhecido valor nacional.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Sinapse funcional criada a partir de nanotubos de carbono

Investigadores da Universidade da Califórnia do Sul fizeram um grande avanço no uso de nanotecnologias para a construção de um cérebro sintético. Utilizando nanotubos de carbono, conseguiram criar uma sinapse funcional e no futuro, esta tecnologia, acoplada a uma colossal rede de neurónios sintéticos, poderá ser fundamental para o desenvolvimento de próteses cerebrais ou até um cérebro sintético.

A equipa conseguiu construir um circuito sináptico constituído por nanotubos de carbono cujo comportamento, em testes, reproduz a função do neurónio.

Os nanotubos de carbono são estruturas moleculares extremamente pequenas com um diâmetro um milhão de vezes inferior à grafite de um lápis. Estes nanotubos podem ser utilizados em circuitos eléctricos actuando como condutores metálicos.

A investigadora Alice Parker, chefe da equipa, afirma que este é o primeiro passo e que o seguinte seria muito mais complexo. “Como podemos construir estruturas que actuem como o cérebro, que possui 100 biliões de neurónio e 10000 sinapses por neurónio?”. A tarefa é muito complicada e, mesmo hoje, estamos a décadas de conseguir o desenvolvimento total de o cérebro como uma unidade. Um dos principais problemas actuais relaciona-se com a dificuldade de reproduzir a plasticidade do cérebro (habilidade para modificar sua organização estrutural própria e funcionamento) nestes nanotubos. Outro dos principais problemas é a constante produção de neurónios cerebrais e suas ligações ao longo da vida, cuja reprodução deste processo seria extremamente difícil nos circuitos de um possível cérebro sintético.






Por fim, este é o primeiro passo de um projecto promissor, que, para atingir o sucesso, necessitará de uma abordagem interdisciplinar de modo a encontrar novas perspectivas para os problemas existentes. Se vingar, constituirá um grande avanço para a ciência mas sobretudo um grande avanço no bem-estar do ser humano.

Descoberta de uma substância promissora no tratamento das doenças de Alzhemer e de Huntington

Investigadores do Instituto Gladstone identificaram uma substância capaz de diminuir os efeitos da doença de Alzheimer e da doença de Huntington, através de experiências realizadas em ratos.

A equipa liderada pelo Dr. Muchowski descobriu que o composto denominado JM6 bloqueia a acção da enzima KMO (kynurenine 3-monooxygenase) que se especula desempenhar um papel fundamental em doenças neurodegenerativas. Os ratos utilizados tinham sido geneticamente modificados para apresentarem as doenças em estudo.

Nos ratos com doença de Alzheimer, este no composto preveniu défices de memória e evitou a perda das ligações sinápticas entre os neurónios cerebrais. Em ratos com a doença de Huntington, a substância JM6 diminuiu a inflamação do cérebro, salvaguardando as ligações sinápticas. Deste modo, o ciclo de vida dos neurónios cerebrais aumentou, impedindo a progressão da degradação de tecidos cerebrais.

Contrariamente ao que se poderia pensar, o JM6 não penetra no cérebro mas sim na circulação sanguínea inibindo a enzima KMO. As células sanguíneas enviam um sinal ao cérebro para estabilizar as funções cerebrais e para prevenir a neurodegeneração. Uma das vantagens deste tratamento reside no acto dos resultados poderem ser observados através de uma simples análise de sangue.

Esta é uma grande descoberta uma vez que poderá abrir novas janelas no desenvolvimento de uma cura viável para doenças que afectam milhões de pessoas no mundo.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Grupo de Neurociência entrevista Professor Doutor Luis Bigotte de Almeida



     No passado dia 17 de Março, o Grupo de Neurociência da Escola Secundária de Pedro Nunes deslocou-se à Universidade Lusófona de Lisboa de forma a realizar uma entrevista, previamente programada, com o Professor  Luis Bigotte de Almeida.

     Durante esta sessão abordaram-se temas relacionados com o paradigma actual da Neurociência assim como tentámos descobrir como é a vida de um neurologista baseando-nos na história profissional sussintamente contada pelo Professor.

     A entrevista será publicada no blog podendo ser acedida audiamente ou por leitura, após a transcrição da mesma.

     Para finalizar, gostaríamos de agradecer novamente a disponibilidade do Professor Luis Bigotte de Almeida em conceder-nos a entrevista e por nos ter esclarecido dúvidas e curiosidades que visam o melhoramento do trabalho.


    Nota: Para um maior aprofundamento desta área ( Neurociência), aconselhamos a compra do livro " Introdução à Neurociência" redigido pelo Professor Luis Bigootte de Almeida.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Semana internacional do cérebro decorre em Março

Dirigida a crianças de educação pré-escolar e a alunos do 1º, 2º e 3º ciclos do ensino básico e secundário, a Semana Internacional do cérebro começou anteontem, dia 16 de Março, e decorrerá até ao dia 20 do mesmo mês.
A iniciativa foi organizada pela Sociedade Portuguesa de Neurociências em colaboração com a Sociedade Portuguesa de Bioquímica e a Ciência Viva e tem como objectivo divulgar os progressos e os benefícios da investigação científica na área do cérebro.
O programa contempla três áreas temáticas:
·         Os neurocientistas vão à escola (sessões em escolas asseguradas por investigadores da SPN;
·         Laboratórios abertos (visitas a laboratórios de investigação em neurociência);
·         Cérebro e Sociedade (que teve início no passado dia 13 no Pavilhão do Conhecimento e que contará ainda com a sessão Uma nova imagem do cérebro no dia 19 de Março no mesmo local, assim como o concurso Protege o teu cérebro, cujas inscrições terminam no dia 20 do mesmo mês).



segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Sintomas do Mal de Alzheimer são revertidos em Ratos


Pesquisas de ponta sobre a doença de Alzheimer chegaram, no dia 16 deste mês, a importantes conclusões quanto à possibilidade de um tratamento definitivo para os seus sintomas.
         
Os estudos realizados procuraram uma forma de reverter os sintomas da doença de Alzheimer, actuando sobre o gene Tau. Este gene é responsável pela síntese da proteína Tau, que actua na estabilização dos microtúbulos (componentes principais do citoesqueleto), abundantes nos neurónios do SNC. Uma mutação no gene Tau pode levar à síntese de proteínas Tau mutantes, incapazes de estabilizar correctamente os microtúbulos e provocando potenciais processos de neurodegeneração, entre eles aquele responsável pelo mal de Alzheimer.
           
A equipa de pesquisa da Unidade de Pesquisa de Biologia Molecular Max Plank utilizou, para este fim, ratos transgénicos com duas diferentes variantes do gene Tau humano. Uma variante levava à síntese de proteínas Tau que poderiam desenvolver defeitos estruturais (levando, consequentemente, ao seu mal funcionamento), e outra sintetizava proteínas Tau normais. Como resultado, os ratos com a variante mutante desenvolveram sintomas da doença de Alzheimer, enquanto que os ratos com a variante normal não os desenvolveram.

Em seguida, a equipa de pesquisa tentou, com sucesso, “desligar” o gene Tau disfuncional, inibindo a produção da proteína Tau defeituosa. Os principais sintomas, como a demência, a perda de memória e a redução sináptica, diminuíram drasticamente, revertendo o avanço da doença. Mais impressionante, contudo, foi a velocidade com que se conseguiram os resultados: apenas poucas semanas separaram a inibição do gene e o início da reversão parcial da doença.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Tradução Génica é alvo de pesquisa sobre a Doença de Huntington

A doença de Huntington, descrita pela primeira vez em 1872, é uma doença hereditária de fundo genético que afecta cerca de 5 em cada 100.000 pessoas e que leva ao declínio cognitivo, à demência e eventualemente à morte. É determinada por uma mutação num alelo autossómico dominante do cromossoma 4 que ocasiona a malformação da proteína Huntingtin (Htt). Esta proteína mutante (designada habitualmente por mHtt) é tóxica para algumas células do corpo humano, nomeadamente os neurónios, e danifica progressivamente diversas áreas do cérebro. Por se tratar de uma mutação genética, ainda não foi possível o desenvolvimento de uma cura definitiva para a doença.

Contudo, uma pesquisa internacional recente levantou novas e importantes informações os mecanismos por detrás desta e de algumas outras doenças neurodegenerativas. Com o auxílio de organismos simples, como as leveduras Saccharomyces cerevisiae (utilizadas largamente no processo de fermentação do pão), o estudo descobriu novos possíveis problemas ao nível da tradução genética da proteína Htt.

Com estas descobertas, o estudo possibilita o desenvolvimento de novos meios - e novas esperanças - para melhores tratamentos. Trabalhos recentes indicam que a modulação química da tradução, intermediada por fármacos específicos, pode vir a concretizar uma cura para a doença de Parkinson. Assim, esta pesquisa sugere que um tratamento químico semelhante pode também ser desenvolvido e aplicado à doença de Huntington.

Na equipa envolvida, participaram também cientistas da Universidade de Lisboa, lidaderados pelo Dr. Tiago Outeiro, com um importante contributo para o produto final.

"Estes estudos vão permitir avanços muito mais rápidos, que podem eventualmente levar à descoberta de novas terapias." explicou o Dr. Outeiro. "Estou convencido que um dia iremos perceber tudo o que se passa a nível celular para que se desenvolva estas doenças, e poderemos também interferir e prevenir a sua ocorrência."

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Injecção de células estaminais no cérebro para tratar AVC

Uma equipa médica do Instituto de Neurociências e psicologia da Universidade de Glasgow (Reino Unido) injectou, pela primeira vez, células estaminais no cérebro de um paciente que sofreu um acidente vascular cerebral (AVC).

 A vítima do acidente, um ex-camionista de 60 anos, ficou severamente incapacitada após ter sofrido um AVC há 18 meses e o grupo de especialistas, liderado por
Keith Muir, decidiu introduzir um milhão de células numa região saudável do cérebro, designada putâmen, muito próxima do local deteriorado. Esta operação pretende fazer com que estas células libertem substâncias químicas que estimulem novas células cerebrais e que permitam o desenvolvimento de vasos sanguíneos, ao mesmo tempo que o tecido sara e a inflamação se reduz.
    
 A equipa de investigadores espera vir a tratar mais 11 pacientes com esta técnica, usando doses mais elevadas. Estudos anteriores realizados em animais sugerem que a experiência é segura e eficaz na recuperação do tecido danificado, verificando-se um novo crescimento de vasos sanguíneos.

Como o tipo de AVC mais comum é o isquémico e ocorre devido à falta de irrigação sanguínea numa determinada zona, o desenvolvimento de novos neurónios e a redução da inflamação serão os primeiros passos para o processo de recuperação.

O teste ficou conhecido pelo nome de Investigação piloto com células estaminais em AVC
(PISCES). A injecção ainda terá de ser avaliada, mas a este nível os médicos adiantam que usam gravações da actividade do paciente e scanners para os ajudar.

Apesar de esta experiência ter por base numerosas investigações e um bom planeamento, continua a ser necessário realizar mais testes para garantir o sucesso do tratamento.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Importante avanço na tecnologia das Ressonâncias Magnéticas

A técnica da Ressonância Magnética (MRI) constitui, actualmente, um dos principais alicerces para a maioria das investigações e pesquisas da área da Neurociência e da Medicina em geral. Este método consiste na utilização de poderosos campos magnéticos e ondas rádio para alterar a alinhação magnética dos átomos do corpo e na leitura das radiações emitidas pelos mesmos. Descoberta em meados de 1973, esta técnica possui um óptimo contraste entre os diferentes tecidos moles, sendo assim muito útil para a análise de cérebros, músculos e corações.

No dia 20 de Dezembro de 2010, uma equipa internacional de físicos e neurocientistas publicaram uma importante descoberta na tecnologia das Ressonâncias Magnéticas, que permite a realização de scans cerebrais até sete vezes mais rápidas do que as actuais. Num artigo do periódico PLoS ONE, a equipa de investigadores descreve duas melhorias que permitem análises cerebrais completas em três dimensões realizadas em menos de meio segundo, ao contrário dos habituais 2 a 3 segundos.

"Quando realizámos as primeiras análises [com esta técnica], foi inacreditável o quão rápido estávamos a ir." relatou David Feinberg, físico e presidente da empresa "Advanced MRI Technologies", da Califórnia. "Era como se estivéssemos a sair de um avião de transporte habitual para embarcar num avião a jacto. Era esta a magnitude da diferença."

Para a área da Neurociência, em particular, análizes rápidas são imprescindíveis para melhor captar a actividade dinámica do cérebro.     

Os scans mais rápidos são possíveis através da combinação de dois aperfeiçoamentos técnicos inventados nesta última década e que separadamente também aumentaram a velocidade das análises. Limitações físicas de ambos os métodos impediram maiores melhorias. "Porém em conjunto, as suas acelerações nos scans são multiplicadas." explicou Feinberg.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Estudo sugere que caminhar diminui a progressão do Alzheimer

Um estudo apresentado a dia 29 de Novembro de 2010, no encontro anual da
Sociedade Radiológica da América do Norte (RSNA), sugere que caminhar regularmente
pode reduzir a velocidade do declínio cognitivo associado ao mal de Alzheimer em adultos afectados, assim como em adultos saudáveis.

“Descobrimos que caminhar cinco milhas por semana protege a estrutura cerebral
durante mais de 10 anos em pessoas com Alzheimer, especialmente nas áreas cerebrais das
memórias chave e dos centros de aprendizagem.” explicou Cyrus Raji, Ph.D, do Departamento
de Radiologia da Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia. “Nós também descobrimos que
essas pessoas tiveram um declínio mais lento da perda de memória durante 5 anos.”

O mal de Alzheimer é uma doença cerebral progressiva que destrói lentamente a memória e outras habilidades cognitivas. De acordo com a organização Alzheimer's Disease Worldwide, existem aproximadamente 35.6 milhões de afectados em todo o mundo. Por se tratar de uma doença ainda irreversível, e de acordo com as actuais tendências da sociedade, acredita-se que este número crescerá ainda mais nos próximos anos.

"Como a cura para o Alzheimer não é ainda uma realidade, nós esperamos achar meios de diminuir a progressão ou os sintomas da doença em pessoas já com deficiências cognitivas." afirmou o Dr. Raji.

Para o estudo, ainda em desenvolvimento, foram gastos 20 anos de pesquisa. O Dr. Raji e sua equipa analizaram o relacionamento entre a actividade física e a estrutura cerebral em 426 pessoas, incluindo 299 adultos saudáveis (com idade média de 78 anos) e 127 pessoas afectadas com diferentes graus da doença de Alzheimer (com idade média de 81 anos). Os pesquisadores monitoraram a distância percorrida durante as caminhadas de cada um dos voluntários por 10 anos. No final deste período, todos os pacientes realizaram uma ressonância magnética 3D (3D MRI) para identificar mudanças no volume cerebral ocorridas durante o período.

"O volume é um sinal vital do cérebro." explicou o Dr. Raji. "Quando este diminui, significa que as células cerebrais estão a morrer. Mas quando permanece mais elevado, a saúde cerebral está a ser mantida."

Os resultados mostraram que maiores cargas de actividade física estão relacionadas a maiores volumes cerebrais. Adultos afectados precisavam de caminhar pelo menos 5 milhas por semana para manter os seus volumes cerebrais e reduzir a velocidade do declínio cognitivo. Adultos saudáveis, por sua vez, precisavam de caminhar pelo menos 6 milhas semanalmente para manter os seus volumes cerebrais e diminuir significativamente os riscos do declínio cognitivo.

"O mal de Alzheimer é uma doença devastadora e, infelizmente, caminhar não é uma cura do mesmo." disse Dr. Raji. "Porém caminhar pode melhorar a resistência do seu cérebro à doença e reduzir a perda de memória ao longo do tempo."